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Cortes de Carnes -Imagem MT Steak

O Segredo dos Cortes de Carne que Ninguém te Conta

Olá, tudo bem? Eu sou um apaixonado por carnes, um verdadeiro explorador de sabores e texturas. Mas, mais do que isso, eu sou alguém que, assim como você, já se sentiu perdido em frente a um balcão de açougue, confuso com tantos nomes e sem saber qual peça levar para casa. A verdade é que o mundo dos cortes de carne pode parecer intimidador, quase como um clube exclusivo onde só os grandes chefs e mestres churrasqueiros têm acesso aos segredos.

Eu entendo essa frustração. Você quer preparar uma refeição memorável, um churrasco que renda elogios ou simplesmente um bife suculento para o jantar, mas o medo de errar na escolha, de gastar dinheiro em uma carne dura ou sem sabor, acaba te paralisando. Você acaba sempre levando os mesmos cortes de sempre: picanha, contrafilé, talvez um filé mignon se o orçamento permitir. Não há nada de errado com eles, são clássicos por um motivo. Mas e se eu te dissesse que existe um universo de possibilidades deliciosas e, muitas vezes, mais acessíveis, que a maioria das pessoas desconhece?

Pense comigo: o boi é um animal grande, com dezenas de músculos diferentes. Seria lógico que apenas três ou quatro deles valessem a pena? Claro que não. O que eu percebo, na minha jornada, é que a falta de informação nos impede de explorar tesouros escondidos. E é por isso que estou aqui. Meu objetivo não é apenas listar nomes, mas te dar a chave para destravar um novo nível na sua cozinha. Eu quero te contar os segredos que os açougueiros experientes guardam para si, aqueles cortes que eles levam para casa no final do dia.

Neste guia, eu vou te pegar pela mão e te mostrar como navegar pelo universo dos cortes de carne com confiança. Vamos desvendar juntos não apenas os cortes mais famosos, entendendo o porquê da sua fama, mas principalmente aqueles que são subestimados, os “tesouros escondidos” que oferecem um sabor e uma maciez incríveis por uma fração do preço. Prepare-se para se tornar o especialista em carnes do seu círculo de amigos. Vamos começar essa jornada?

Desvendando os Clássicos: O Que Faz um Corte ser Nobre?

Antes de partirmos para os segredos mais bem guardados, é fundamental entender por que alguns cortes de carne são tão valorizados. A localização do músculo no corpo do boi é o fator principal. Músculos que são menos exercitados tendem a ser mais macios. Pense na região do lombo, por exemplo. Ali, os músculos trabalham pouco, resultando em carnes que derretem na boca.

O Filé Mignon: É o exemplo máximo de maciez. Localizado na parte traseira do animal, é um músculo que praticamente não tem trabalho. Sua textura é inigualável, mas o que eu quero que você entenda é que seu sabor não é dos mais intensos. Ele brilha pela delicadeza e precisa de bons temperos ou molhos para se destacar.

O Contrafilé (ou Bife de Chorizo): Vizinho da alcatra e do filé mignon, ele tem o equilíbrio perfeito. Possui uma camada de gordura externa que, quando derretida na grelha ou frigideira, irriga a carne, garantindo suculência e um sabor mais pronunciado de carne. É um dos meus favoritos pela sua versatilidade.

A Picanha: Ah, a rainha do churrasco brasileiro. O que a torna especial é, sem dúvida, sua capa de gordura proeminente. Essa gordura não está ali por acaso; ela é a responsável pelo sabor amanteigado e pela umidade que amamos. O segredo de uma boa picanha está em saber trabalhar essa gordura, selando a carne corretamente para que os sucos fiquem todos lá dentro.

Entender esses cortes é a nossa base. Eles são famosos pela maciez e pelo sabor que a gordura lhes confere. Mas o que eu quero te mostrar é que maciez e sabor não são exclusividade deles.

File-mignon-contrafile-e-picanha-1-300x206 O Segredo dos Cortes de Carne que Ninguém te Conta
Filé-mignon, contrafilé e picanha – (Imagem notícias concursos)

O Grande Segredo: Cortes de Carne Fantásticos que Ignoramos

Agora, vamos ao que interessa, àquela informação que vai mudar a sua forma de comprar carne. Existem cortes que, por estarem em locais um pouco mais “escondidos” do boi ou por exigirem um pouco mais de conhecimento do açougueiro para serem limpos e separados, acabam fora do radar do grande público. E é aí que mora a oportunidade.

O que eu quero dizer com isso é que você pode ter uma experiência gastronômica incrível, com sabores e texturas surpreendentes, sem precisar investir uma fortuna. Esses são os cortes que eu chamo de “cortes do açougueiro”, porque, acredite, são os que muitas vezes eles preferem.

O Denver Steak (Miolo do Acém)

Pense no acém. Provavelmente você o associa a carne de panela, ensopados, carne moída, certo? Faz sentido, pois a maior parte do acém é composta por músculos de trabalho intenso. No entanto, escondido bem no meio dele, existe um músculo específico, o serratus ventralis, que é surpreendentemente macio e com um marmoreio (aquelas linhas de gordura entremeadas na carne) de fazer inveja a muitos cortes nobres. Esse é o Denver Steak.

Por que ninguém te conta sobre ele? Porque exige um açougueiro habilidoso para separá-lo do resto do acém. É mais fácil vender o acém inteiro para moer. Mas se você criar uma boa relação com o seu açougueiro e pedir especificamente por ele, pode se surpreender.

  • Como preparar: A beleza do Denver Steak está na sua versatilidade. Ele é perfeito para a grelha ou para uma frigideira de ferro bem quente. Tempere com sal grosso e pimenta do reino, sele todos os lados e sirva mal passado ou ao ponto para garantir a máxima maciez. Fatiado em tiras finas contra a fibra, ele se torna o protagonista de qualquer refeição.

O Flat Iron Steak (Raquete ou Shoulder Steak)

Aqui está outro tesouro da paleta, a parte dianteira do boi. A paleta é uma região de músculos duros, mas o Flat Iron é a grande exceção. Depois do Filé Mignon, acredite, este é considerado o segundo corte mais macio do boi. O problema? Ele tem um nervo grosso que o atravessa no meio. Por muito tempo, isso fez com que fosse descartado ou usado para carne moída.

O segredo foi revelado quando açougueiros descobriram que, ao remover cuidadosamente esse nervo central, obtinham dois bifes longos e achatados (daí o nome “flat iron”, ou ferro de passar), com uma textura incrível e sabor intenso.

  • Dica prática: Se o seu açougueiro não conhecer pelo nome em inglês, peça pela “raquete da paleta” e peça para que ele a limpe, removendo o nervo do meio. O resultado são dois bifes espetaculares. Ele é perfeito para marinadas, absorvendo os sabores como poucos, e fica incrível em preparos rápidos na grelha.

O Teres Major (Shoulder Tender ou Petit Tender)

Se o Flat Iron é a raquete, o Teres Major é a “granada” da paleta. É um pequeno músculo, com formato arredondado, que se parece muito com um mini filé mignon. E a semelhança não é só na aparência. Ele é extremamente macio e suculento. A dificuldade, mais uma vez, é o trabalho que dá para o açougueiro isolá-lo dos outros músculos da paleta. Cada boi tem apenas duas pequenas peças de Teres Major.

Na minha opinião, este é um dos segredos mais bem guardados. É um corte que oferece uma experiência de filé mignon, mas com um sabor de carne muito mais presente e marcante.

  • Como cozinhar: Trate-o como um filé mignon. Você pode selá-lo inteiro na frigideira com manteiga e ervas e depois fatiá-lo em medalhões, ou cortá-lo em medalhões antes e grelhar. Por ser magro, o ideal é servi-lo mal passado para não ressecar.

Além dos cortes secretos do açougueiro, existe outra categoria que eu adoro explorar: os cortes mais baratos, geralmente do dianteiro ou do traseiro menos nobre, que, com a técnica certa, se transformam em pratos espetaculares. A chave aqui é entender a característica de cada um e aplicar o método de cozimento correto.

O Peito (Brisket)

Muito popular no churrasco americano, o peito bovino é um corte duro, cheio de tecido conjuntivo e gordura. Se você tentar grelhá-lo como uma picanha, o resultado será desastroso. O segredo do peito é o tempo e a baixa temperatura. Ele precisa de um cozimento longo e lento, seja na churrasqueira (no bafo), na panela de pressão ou no forno, para que o colágeno se quebre e se transforme em um gel macio e suculento, e a gordura derreta, irrigando a carne.

  • Uma ideia para você: Tempere um belo pedaço de peito com uma mistura de sal, pimenta, páprica e alho em pó. Embrulhe em papel alumínio e leve ao forno baixo (cerca de 140°C) por 4 a 6 horas. O resultado é uma carne que desfia e cheia de sabor.

A Fraldinha (Vacio)

A fraldinha é mais conhecida, mas muitas vezes mal compreendida. Ela é um corte longo e fibroso, localizado na parede do abdômen do boi. Suas fibras são longas e aparentes, o que pode assustar. O segredo? Cortar sempre contra a fibra. Se você cortar a favor, ela ficará borrachuda, não importa o quão bem você a tenha cozinhado.

  • Como acertar sempre: Grelhe a peça inteira em fogo forte para criar uma bela crosta por fora, deixando o interior rosado. Na hora de servir, coloque-a na tábua e observe a direção das fibras. Faça fatias finas, sempre na direção perpendicular às fibras. A diferença na maciez é gritante. É um corte com sabor intenso e muito suculento.

A Bananinha (Entrecosto)

Sabe aquela carne que fica entre os ossos da costela? Aquilo não é resto, é a bananinha! É um corte pequeno, com formato que lembra uma banana, e vem com uma quantidade generosa de gordura entremeada. Por muito tempo foi vendida junto com a costela ou para moer. Hoje, já se encontra separada.

  • Dica de ouro: A bananinha é perfeita para espetinhos ou para ser salteada em uma frigideira de ferro bem quente. Como ela já tem muita gordura, não precisa de muito óleo. Fica pronta em minutos, dourada por fora e extremamente macia por dentro. É um aperitivo de churrasco que surpreende a todos.

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Como Conversar com seu Açougueiro e Conseguir o que Quer

Eu sei o que você pode estar pensando: “Isso tudo é ótimo, mas como eu peço esses cortes se nem o açougueiro parece conhecer?”. A verdade é que a sua relação com o açougueiro é a ferramenta mais poderosa que você tem.

  1. Não tenha medo de perguntar: Chegue com curiosidade. Diga algo como: “Eu li sobre um corte chamado Denver Steak, do miolo do acém. Você conhece? Seria possível separar para mim?”.
  2. Mostre que você entende (um pouco): Use os nomes que eu te ensinei. Peça pela “raquete da paleta, sem o nervo” em vez de apenas “flat iron”. Isso mostra que você não está apenas repetindo algo que ouviu.
  3. Seja um bom cliente: Crie um relacionamento. Cumprimente, puxe um papo, valorize o trabalho dele. Um bom açougueiro terá prazer em atender um cliente que se interessa e que confia no seu trabalho para conseguir peças especiais.
  4. Encomende com antecedência: Cortes como o Teres Major ou o Denver Steak exigem tempo para serem preparados. Ligue antes, encomende a sua peça. Isso facilita a vida do profissional e garante que você consiga o que quer.

Pense comigo: o açougueiro é o seu guia nesse universo. Trate-o como tal e as portas para os melhores e mais secretos cortes de carne se abrirão para você.

Conclusão: Você no Controle da Sua Experiência

O que eu quis te mostrar hoje é que o mundo dos cortes de carne é muito mais democrático e fascinante do que parece. Não se trata de gastar rios de dinheiro em cortes nobres, mas sim de ter o conhecimento para transformar qualquer peça em uma estrela. O segredo não está na carne, mas em você: na sua curiosidade, na sua vontade de experimentar e na sua coragem de sair da zona de conforto da picanha e do contrafilé.

A partir de agora, eu te encorajo a ir ao açougue com outros olhos. Olhe para o acém e tente enxergar o Denver Steak escondido ali. Olhe para a paleta e imagine os deliciosos Flat Irons que ela pode te oferecer. Converse, pergunte, experimente. Você tem em mãos o conhecimento para fazer escolhas inteligentes, saborosas e que cabem no seu bolso.

A verdadeira maestria na cozinha começa com a escolha do ingrediente certo. E agora, você está mais do que preparado para fazer essa escolha. Vá em frente e surpreenda a todos, mas, principalmente, surpreenda a si mesmo.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Qual o segredo para amaciar uma carne naturalmente dura?

Na minha opinião, a melhor técnica é o cozimento lento e em baixa temperatura (low and slow). Métodos como assar por longas horas no forno, cozinhar na panela de pressão ou usar uma churrasqueira com tampa (no bafo) quebram o colágeno da carne, transformando-o em uma gelatina macia que deixa o corte incrivelmente suculento. Marinadas ácidas (com limão, vinagre ou vinho) também ajudam, mas o cozimento lento é imbatível para cortes como peito ou costela.

2. O que é marmoreio e por que ele é importante?

Marmoreio é aquela gordura fininha que fica entre as fibras musculares da carne, parecendo veios de mármore. O que eu percebo é que essa é a gordura “do bem”. Durante o cozimento, ela derrete e se espalha pela carne, garantindo muito mais sabor, umidade e maciez. Cortes como o Denver Steak e o Contrafilé são excelentes exemplos de bom marmoreio.

3. Cortar contra a fibra realmente faz diferença?

Faz toda a diferença do mundo! Pense nas fibras da carne como um feixe de canudinhos. Se você corta na mesma direção (a favor da fibra), você fica com pedaços longos e difíceis de mastigar. Ao cortar perpendicularmente (contra a fibra), você quebra esses “canudinhos” em pedaços pequenos, tornando a carne muito mais macia na boca. Na Fraldinha, por exemplo, essa técnica é essencial.

4. Posso congelar esses cortes de carne menos conhecidos?

Com certeza. A regra é a mesma para qualquer carne de qualidade. O ideal é embalar a vácuo, se possível, para evitar a formação de cristais de gelo que podem danificar as fibras. Se não tiver embaladora a vácuo, use sacos plásticos próprios para congelamento, tirando o máximo de ar possível. Para descongelar, o melhor método é deixar na geladeira de um dia para o outro.

5. Vale a pena investir em uma faca de boa qualidade?

Absolutamente. Eu diria que uma boa faca afiada é a ferramenta mais importante depois da própria carne. Uma faca cega não corta, ela rasga as fibras da carne, o que prejudica a textura e a apresentação do prato. Não precisa ser a faca mais cara do mundo, mas uma faca do chef, bem afiada, vai transformar sua experiência na cozinha e garantir que você aproveite ao máximo cada corte que comprar.

 

Rosarodri

Apaixonada por sabores que despertam memórias e aquecem o coração, sou Rosarodri, a criadora por trás do perfil no Gostinho Caseiro. Aqui compartilho receitas feitas com carinho, simplicidade e aquele toque especial que só a cozinha de casa tem. Cada prato é inspirado nas tradições da nossa cultura, nos almoços de domingo em família e no cheirinho que vem da panela quando a comida é feita com amor. Acredito que cozinhar é mais do que preparar alimentos — é uma forma de cuidar, unir e celebrar a vida. Se você também ama receitas práticas, saborosas e com aquele gostinho de lar, está no lugar certo. Seja bem-vindo à minha cozinha!

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